De Córdoba até nosso destino do dia, rodamos poucos mas cansativos kms. De poucos em poucos km parávamos para fumar um cigarro, tomar uma água e manter-nos acordados.
Nessa região da Argentina, passamos por muitas cidadezinhas que pareciam bem pequenas até que chegamos a San Justo. Oportuno nome.
Conseguimos um bom hotel de nome Califórnia e resolvemos enfim tomar uma gelada para acalmar os ânimos. Deixamos as bagagens no hotel e fomos percorrer a cidade e percebemos que era bem maior do que demonstrava os mapas e o GPS. Vale ressaltar que ao Sul da Argentina, a vida noturna é meio escassa, creio que devido ao frio, ao passo que na parte central e acredito que ao Norte, é mais parecido com o Brasil, com alguns bares com mesas e cadeiras nas calçadas.
Paramos em um Pub que estava mais movimentado e pedimos uma cerveja, que geralmente vem acompanhada de “papas fritas” (batatas fritas) e amendoins, como cortesia. Em pouco tempo, um dos argentinos que estava na mesa ao lado veio até nós para conversar. Ele disse que estava estudando História do Brasil e português, e até que enfim poderia aprender a falar português com alguém.
Em pouco tempo estavam nos convidando para ir à casa de um deles para comer um “asado”. Compramos os ingredientes e fomos para a casa de um deles.
Música, conversa, e a noite foi pequena. O Gú, a quem dei o apelido nesta festa de Consciência voltou ao hotel e eu, como não posso beber que me empolgo, fiquei na festa. E como só tinha homens, eu perguntava se era diferente do Brasil, porque no Brasil quando tem churrasco e cerveja, tem mulher também. Foi quando um deles falou: “Espera!”.
O Gú realmente foi embora e pouco tempo depois, quando findo o churrasco, chegaram 14 meninas, na faixa de 17 a 20 anos, maravilhosas, uma mais linda que a outra. Mas cabem considerações. Os argentinos, não “chegam” nas meninas, e elas ficam tranqüilas lá no canto delas.
E eu bebendo e me empolgando. Bebi mais algumas e conversei com um rapaz que eu chamei de “Carneiro” devido ao cabelo dele, me apresentou para todas elas.
E depois disso ainda me chamaram para uma boate de nome Tienda, onde eu prontamente atendi aos pedidos. Fomos para a boate e lá bebi mais e aproveitei para entrosar com todas as garotas. E lá o costume é beber CabernetCola (vinho com coca cola), mas eu preferi tomar só o vinho mesmo. Bom vinho. A festa pegando fogo e o que chamou agente para o churrasco era o DJ da festa, e vez ou outra soltava lá no palco: “Ahora una musica para nuestros amigos brasileños”. E tocava umas músicas antigas demais.
Saí da boate por volta das 5:30 com o dia já claro e a turma nos convidou para mais um churrasco.
Na parte da tarde, os argentinos da festa foram até o hotel onde estávamos e falaram que não conseguiram encontrar "cachaça", e se poderíamos fazer com vodca. E confirmaram a nossa presença na festa.
Conforme combinado, fomos novamente à festa e ficamos a cargo de fazer as caipirinhas... E os argentinos adoraram. A música da festa era comandada pelo dono da casa, que era também o DJ da boate da noite anterior.
O Gú foi embora cedo de novo, fazendo jus ao seu apelido de "Consciência" e eu fiquei na festa até pouco mais de 8 hs da manhã, passando mais uma noite bebendo e em claro.
Cheguei no hotel, depois de me perder pela cidade e descobrir pouco depois que a boate era na rua de trás do hotel, e encontrei com o Gú já pronto para seguir viajem, visto que o combinado era sairmos cedo. Tomei um café da manhã que estavam servindo no hotel e fui dormir, acordando poco depois, antes do vencimento da diária e preparando para sair ainda debaixo de chuva para o próximo destino.
Vale lembrar: Ainda neste dia, durante a viagem, passamos por uma imensa plantação de trigo, e com isso, inúmros pássaros voavam por sobre a estrada.
Pareciam pássaros suicidas, pois davam vôos rasantes por sobre a estrada e entremeio aos carros.
E foi num desses vôos, que acabei acertando um pássaro, quase do tamanho de um pombo. Ele explodiu no meu ombro esquerdo. Ainda vi ele caindo no asfalto e uma imensa quantidade de pena que voavam. Alguns km a frente e algumas horas depois ainda encontrava as penas do pássaro no meu bolso.
Passado o susto e até algumas risadas, mais pra frente eu vejo dois pássaros dando um rasante em frente à minha motoca, mas só notei que um atravessou pro outro lado. Dei uma olhada para baixo em direção à bota e reparei que ela estava com um pouco de sangue, assim como parte do motor. Parei e quando olhei pela frente, uma ararinha estava morta no protetor. Uma pena.
Km dia: 463 km