Levantamos cedo para encontrar um pneu para a Drag, visto que o pneu já estava nas últimas condições. Depois de um pouco procurar, encontramos um pneu igual ao original, mesma marca, e “made in brazil”, e o melhor, quase a metade do preço que seria pra comprar aqui no Brasil. Compramos e fomos indicados para onde seria um bom lugar para trocar o pneu.
Chegamos à tal “gomeria” (borracharia) e o chefe do local não sabia como retirar a roda para efetuar a troca do pneu, então, só restou a nós mesmo meter a mão na massa. Com alguma dificuldade, sacamos a roda, juntamente com freio e diferencial. Só restou ao rapaz trocar os pneus. Serviço feito, montamos tudo no lugar e seguimos viagem.
Pouco mais de 35 km depois de sair de Neuquen e região metropolitana, paramos em um lugar que parecia ser abandonado, para descançar um pouco e tomar uma água, pois o calor estava infernal. Saímos desse lugar e quase 500 metros depois o pneu esvaziou todo. Ficamos parados naquele sol, perto de uma estrada sem movimento.
Havíamos saído de Neuquen a pouco mais de 35 km e ainda faltavam pelo menos 80 km para o próximo abastecimento. A saída foi esperar. E essa espera parece ter esgotado a paciência do Gú.
Depois de umas 2 horas esperando sob o sol quente, de mais de 35 graus, passa um caminhão plataforma, ou guincho, para quem o Gú acena e o motorista para pouco mais pra frente e dá a volta. Ficamos combinados que eu voltaria para Neuquen para arrumar o pneu e o Gú seguiria para o próximo posto, para evitar andar 60 km de novo.
O Gú foi pra um lado e eu segui no caminhão para o outro lado, rumo a Neuquen, até a primeira borracharia, que o argentino do caminhão disse ser boa. Descemos a moto, o caminhão partiu e eu pedi uma garrafa de água enquanto o borracheiro mexia na moto. Quando me dei conta ele havia quase espanado as cabeças dos parafusos, com duas chaves de cano, tentando sacar a roda. E quando viu que não conseguiria, e depois de muito discutirmos, ele resolveu sacar a câmara de ar sem tirar o pneu do lugar.
Retirada a câmara de ar, foi constatado que o outro borracheiro, ao montar o pneu, havia “mordido” a câmara de ar.
Reparo feito, tudo montado e conferido, peguei estrada novamente. E qual não foi minha surpresa ao passar novamente pelo mesmo local, a uns 35 km da saída de Neuquen, notei que a motoca balançava um pouco mais do que o normal. E quando parei, notei que o pneu estava murchando de novo. No mesmo local, longe de tudo de novo.
Não acreditando na situação, que me lembrava um filme de terror, atravessei a Ruta com o pneu nas últimas de ar e fui de encontro a um caminhoneiro que estava com seu caminhão encostado neste local que parecia abandonado e pedi um pouco de ar. Solicitação que foi atendida prontamente. E o caminhoneiro ainda me recomendou que voltasse a Neuquen, que era mais próximo local para conseguir ajuda. Mas eu preferi não voltar mais a Neuquen, e segui viagem. E foi assim por alguns longos 80 kms, e por sorte, eu sempre encontrava na estrada deserta, com alguns caminhões encostados, onde eu pedia ar de novo e eles me recomendavam voltar para Neuquen. Segui.
Depois de mais alguns km cheguei ao primeiro posto, onde o Gú estava, e rolou mais extresse. No posto havia outra borracharia, onde reparamos novamente o pneu, e ficou constatado novamente o mesmo erro, ao montar a roda, o borracheiro cometera o mesmo erro do primeiro, “mordeu” a câmara de ar, fazendo com que perdesse ar.
Tudo arrumado de novo. Mais horas perdidas. Resolvemos seguir viagem para a próxima cidade, mesmo com a chegada da noite. Depois de um pouco de estradas ao anoitecer, nos deparamos com a Ruta 20, uma estrada de mais ou menos 180 km, com pouquíssimas curvas e alto índice de acidentes, embora também seja um pouco deserta. Consta na entrada desta estrada “La Conquista Del Desierto”, e muitas placas de aviso e cuidado sobre os perigos de dormir ao volante.
Andávamos por muito tempo, a noite, sem cruzar com qualquer coisa viva, era só estrada reta, noite e nós. Vez ou outra deparamos com uma luz vindo ao longe, muito longe mesmo, e depois de muito tempo, cruzávamos com um carro ou caminhão. Lindo.
Mais um abastecimento em uma cidade perdida no meio do deserto, de nome La Reforma, e seguimos rumo a RP 20. Mais alguns km de deserto a noite e muito cansaço, encontramos um hotel, cheio ainda, na saída do deserto, embora ainda muito distante da próxima cidade.
Conversamos um pouco, ficamos sabendo do risco que estávamos correndo de andar durante a noite de moto no deserto, devido aos animais silvestres grandes como pacas, tatu e algumas lebres que costuma atravessar a pista assustados com a luminosidade dos faróis.
Por isso resolvemos não seguir mais viagem e esperar no hotel pelo clarear do dia, mesmo que não houvesse camas disponíveis. E, pra nossa surpresa, o gerente nos ofereceu, depois de um pouco de nossa espera, dois colchões e um ventilador, na dispensa, o que, a uma hora daquelas, era algo irrecusável.
Adormecemos ali mesmo, e o gerente nos acordou, conforme combinado, por volta das 6:00 da manhã para que seguíssemos viagem. O lugar do Hotel é Chacharramendi.
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